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“Quando estamos lá, 'tá-se bem, só pensamos em sexo†. Jornal Público |
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Quinta, 30 Março 2017 22:15 |
O PÚBLICO falou com um homem gay de 31 anos que adoeceu em Janeiro e esteve internado, com hepatite A. Toma drogas e participa em encontros onde tem “muitos parceiros de uma só vezâ€.
Texto de Bruno Horta Foto de Paulo Pimenta
![]() Os chamados encontros “chemsex†são muitas vezes descritos como festas ou orgias
A palavra “chemsex†não lhe diz nada. J. costuma fazer sexo em grupo sob o efeito de drogas, mas desconhece a expressão inglesa que descreve aquele comportamento e que na terça-feira à noite, depois das notÃcias que a associavam a um surto de hepatite A, levou muita gente a interrogar-se sobre as práticas sexuais a que se referia. J. vive em Lisboa, tem 31 anos e aceitou falar ao PÚBLICO sob anonimato. É um dos muitos homens gay portugueses afectados pelo recente surto desta doença. Desde Janeiro, foram registados mais de 100 casos de hepatite A, de acordo com a Direcção-Geral da Saúde que, nesta quarta-feira, sublinhava que “pode acontecer com qualquer indivÃduoâ€, reconhecendo, contudo, que muitos dos doentes são homens que fazem sexo com homens. “Sei de muitos casos recentesâ€, garante J.. “Agora, quando algum amigo publica no Facebook a dizer que está doente, ou no hospital, pergunto logo se tem hepatite A. O sexo com muitas pessoas ao mesmo tempo faz aumentar as probabilidades, mas eu não faço sexo de risco, tenho é muitos parceiros de uma só vez e sei que para se passar a hepatite à s vezes basta um beijo.â€
Festas ou orgias?Os chamados encontros “chemsex†são muitas vezes descritos como festas ou orgias, mas J. apresentou uma perspectiva pouco sensacional destas práticas. “Encontramo-nos em casa de um amigo, depois basta contactar outros através do Grindr [rede social para telemóveis, muito popular entre o público gay]. Dizemos que somos 10 ou 20 e procuramos quem queira ir lá a casa. É o normal. Ou então enviamos mensagens a alguns que costumam estar connosco. O objectivo é termos todo o tipo de sexo. As drogas que usamos são as mesmas que há uns anos se vendiam nas smartshops. O bloom é uma delas, também há o GHB. Tudo isso afecta muito o fÃgado. O bloom liga uma ficha na cabeça, estimula o desejo. Quando estamos lá, 'tá-se bem, só pensamos em sexo.†J. adoeceu na primeira semana de Janeiro, mas já em Dezembro do ano passado tinha conhecido uma pessoa com hepatite A. Foi o primeiro caso de que ouviu falar. Imediatamente, associou o problema aos encontros. “Fui ao hospital porque tinha os olhos completamente amarelos e fiquei com medo. Contei o que tomava e o que não tomava e diagnosticaram-me hepatite A.†Ficou internado em Santa Maria durante duas semanas. “Os meus sintomas eram olhos amarelos, pele amarela, cocó muito branco e xixi escuro, parecia Coca-Cola. Também tinha um mal-estar na barriga, do lado direito. As pessoas pensam que é dor de barriga e começam a tomar ben-u-ron [paracetamol], mas isso ainda é pior para o fÃgado.â€
Blow e miau-miauBloom, a substância que J. consome com frequência — “não é todas as semanas, mas já uso há muito tempo†— é um estimulante artificial com efeitos idênticos aos das anfetaminas: excitação, energia, perda de apetite, empatia. Blow e miau-miau são outros dos nomes de rua da substância a que os especialistas chamam mefedrona. Tornou-se corrente em Portugal a partir de 2009, dois anos depois de ter sido identificada pelas autoridades pela primeira vez, segundo o World Drug Report, da ONU. Circulou legalmente durante vários anos, vinda da China, da Ãndia e de alguns paÃses do Leste europeu. Em Lisboa, vendia-se por cerca de 30 euros em smartshops, as lojas de “drogas legaisâ€. Em meados de 2013, o Governo ilegalizou dezenas de substâncias psicoactivas e obrigou ao encerramento das smartshops. O negócio transferiu-se para o mercado negro. As embalagens custam cerca de 40 euros, segundo J. “É preciso falar com quem sabe, ir tomar um café, conversar pessoalmente. Mas também não é uma coisa totalmente escondida.†O entrevistado confirmou a ideia corrente de que estes encontros para sexo podem durar dois dias, de sexta a domingo. Regra geral, os participantes levam o corpo à exaustão. “O meu consumo é controlado, mas conheço pessoas que consomem de forma descontroladaâ€, afirma J. “Ficam duas noites sem dormir e quase sem comer.â€
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