Procura
Contactos
 Os nossos e-mails:
 cidadaniaecasamento@gmail.com
 Para organização de debates:
debate@casamentomesmosexo.org
 Para envio de documentos:
documentos@casamentomesmosexo.org
 Contacto de imprensa:
imprensa@casamentomesmosexo.org
 A nossa morada:
 Apartado 50.003, 1701-001 Lisboa
 PORTUGAL
Ajude-nos
 Transferência bancária:
 NIB 0010 0000 4379 5060 0013 0
Esquerda, direita, “gays†e jornalismo. Miguel Pinheiro. Observador. |
![]() |
![]() |
Quarta, 28 Março 2018 13:08 |
Para Rosas, Adolfo não é homossexual – é “gayâ€. E não é gay – “diz†que é gay. Mais: não é “moderno†– é “ai que modernoâ€. E não é só “ai que moderno†– é “ai que moderno†com as mãozinhas no ar.
 1. Podemos sempre contar com a extrema-esquerda para algum reaccionarismo nos costumes. O último exemplo revelador é o de Fernando Rosas, fundador do BE, a falar na TVI sobre a homossexualidade de Adolfo Mesquita Nunes: “O CDS pode ter esta coisa da modernidade e tal, são muito modernos, até têm um dirigente que diz que é gay… Ai que moderno que ele é!â€. Atenção: para Rosas, o dirigente do CDS não é homossexual – é “gayâ€. E também não é gay — “diz†que é gay. Mais: o dirigente do CDS não é “moderno†— é “ai que modernoâ€. E não é só “ai que moderno†— é “ai que moderno†com as mãozinhas no ar, como pode comprovar quem for ver as imagens de Fernando Rosas a falar. Quem conheça a história da extrema-esquerda portuguesa, nomeadamente a do PCP — e a sua relação conturbada com a homossexualidade (por causa das exigências da clandestinidade, mas não só) –, não se espantará. Quando, há uns anos, Carlos Cruz perguntou a Ãlvaro Cunhal o que ele pensava da homossexualidade, a resposta, desarmante, foi: “Acho que é uma coisa muito tristeâ€. Já Francisco Louçã tem um particularÃssimo conceito sobre a importância da paternidade. No final de um debate com Paulo Portas, quando estavam a discutir o aborto, o então lÃder do BE iniciou este edificante diálogo: Louçã: “Não me fale de vida, não tem direito a falar de vida.†E temos ainda a forma enternecedora como Jerónimo de Sousa olha para as mulheres. No fim de semana do congresso do CDS, disse, com orgulho, que “as mulheres importantes estão aqui hoje, não no congresso do CDSâ€. Claro: as mulheres do CDS não são “importantes†(da mesma forma que as mulheres do BE também não são “importantesâ€, são apenas “engraçadinhasâ€, para poderem angariar mais votos). Além do reaccionarismo, há o sentido de propriedade. A extrema-esquerda gosta de organizar o mundo a régua e esquadro, como é próprio das cabeças totalitárias. Para eles, na polÃtica há os homossexuais, há as mulheres, há as minorias étnicas e por aà adiante — e todos eles se devem arrumar, com obediência, nos seus devidos lugares. Quando algum desses indivÃduos se desvia do destino que lhe foi pré-seleccionado pelos iluminados, desencadeia-se um curto-circuito. Como é que, nos Estados Unidos, a Conselheira de Segurança Nacional do “fascista†George W. Bush era Condoleezza Rice, mulher e afroamericana? E como é que o vice-presidente de George W. Bush, o Darth Vader Dick Cheney, defendeu publicamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo (antes mesmo de Hillary Clinton) e, tendo uma filha assumidamente homossexual, a chamou para trabalhar com ele em vez de a excomungar com ferocidade e fervor? Ou, em Portugal: como é que alguém “que diz que é gay†acaba no CDS? Ou uma mulher que pretenda ser “importanteâ€? Quando as pessoas pensam pela sua cabeça, a extrema-esquerda entra em parafuso. 2. Anda por aà uma enormÃssima confusão entre polÃtica e jornalismo. Não me detenho com Daniel Oliveira porque é escusado perder tempo com quem escreve opinião para ganhar eleições. Mas, esta semana, o fenómeno atingiu um texto de Nuno Garoupa, um académico que não anda a pedir votos. Na sua coluna no DN, escreveu sobre o que “Cristas tem feito bem†e destacou este ponto: “Beneficiar de uma onda muito positiva na comunicação social como o CDS nunca teve: à direita, porque o aparelho de comunicação do passismo quer acabar com Rio, preferencialmente antes das eleições; à esquerda, porque uma maior dispersão de votos entre o PSD e o CDS favorece inevitavelmente o PSâ€. Eu não sei se Nuno Garoupa tem absoluta consciência do que está a sugerir com aquilo que escreveu, mas é isto: os jornalistas “à direita†e “à esquerda†escrevem as notÃcias que os polÃticos lhes ditam. “À direitaâ€, um elemento “passista†pega no telefone e manda os jornalistas fazerem uma cobertura exaustiva do congresso do CDS com o objectivo confesso de “acabar com Rioâ€. “À esquerdaâ€, um elemento do PS pega no telefone e manda os jornalistas fazerem uma cobertura exaustiva do congresso do CDS com o objectivo confesso de incentivar “uma maior dispersão de votos entre o PSD e o CDS†para “favorecer†os socialistas. No meio de toda esta descarada manipulação estão, na cabeça de Nuno Garoupa, vários jornalistas, todos eles a oscilar entre a ideologia e a cobardia. Os primeiros com os olhos vÃtreos, aos saltos de emoção com a possibilidade de agradar aos seus amos polÃticos; os segundos, encolhidos de medo, tentando não despertar a ira de quem define a linha justa. Compreendo que Nuno Garoupa possa não ter os jornalistas em elevada conta, mas, pelo menos nas redações onde trabalhei, quem ensaiasse um truque remotamente semelhante com aquele que descreve no seu artigo, tentando pilotar politicamente a cobertura noticiosa de um congresso partidário, seria corrido com alcatrão e penas.  Ler artigo no local original
|
Actualizado em Quarta, 28 Março 2018 12:13 |